Tabagismo e promoção da saúde: desafios para o desenvolvimento de estratégias efetivas

Autores

  • Guilherme Pinheiro Ferreira da Silva Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE

DOI:

https://doi.org/10.5020/18061230.2018.7565

Resumo

O tabagismo é considerado a maior causa de morte evitável em todo o mundo(1), sendo o principal responsável pelo aparecimento da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), considerada, atualmente, a segunda causa de mortalidade em todo o globo de acordo com um estudo recente publicado no importante periódico Lancet(2). Nesse estudo(2), verificou-se um amento de 24,2% das taxas de óbito entre os anos de 2005 e 2016 por DPOC; embora, de acordo com previsões anteriores, houvesse a estimativa de que essa enfermidade fosse a terceira causa de morte somente no ano de 2030. Além disso, a prevalência e morbidade da doença ainda são consideradas subestimadas, pois o diagnóstico é realizado, na grande maioria das vezes, quando já está clinicamente aparente, ou moderadamente avançada, resultando em índices de morbimortalidade elevados e importante impacto econômico e social(3,4). Tal fato ocorre porque o aparecimento das doenças pulmonares crônicas relacionadas ao tabagismo só ocorre após um longo período de consumo do cigarro, o que faz com que esse fator de risco, ainda hoje, seja considerado o grande desafio para a criação de estratégias eficientes e efetivas de prevenção e promoção da saúde. Nesse contexto, o presente número da Revista Brasileira em Promoção da Saúde publicou três artigos originais relacionados à temática do tabagismo em diferentes contextos da Saúde Coletiva; e os principais achados dessas pesquisas dão enfoque às inúmeras repercussões emocionais, psíquicas, físicas e sociais que estão associados ao ato de fumar. Um dos estudos(5) avaliou o uso do tabaco por acadêmicos de um curso da área da saúde de uma instituição de ensino superior brasileira e verificou uma baixa prevalência do tabagismo entre os discentes. Entretanto, verificou que os estudantes que moram com os pais ou parentes apresentaram maior prevalência de tabagismo quando comparados aos que moravam sozinhos. Tal fato incita a reflexão do quanto a família pode (ou não) influenciar no consumo do cigarro e do quanto o ambiente universitário é um local (ou deveria ser) de implementação de estratégias de prevenção e promoção da saúde, o que pode ter contribuído com a baixa prevalência encontrada no estudo. Por sua vez, outro estudo(6) se propôs a avaliar os fatores associados ao tabagismo em pacientes que foram submetidos à cirurgia bariátrica, sendo observada uma significativa prevalência do consumo de tabaco nessa população e encontrada associação com variáveis sociodemográficas, comorbidades, sintomas depressivos, sofrimento psíquicos, distúrbios do sono e religiosidade. Estes achados trazem à tona a importância da implementação de estratégias de promoção de saúde que visem o devido cuidado com o tabagismo em situações clínicas que envolvam o pós-operatório de procedimentos cirúrgicos importantes, como a cirurgia bariátrica, evidenciando, assim, que os pacientes submetidos a essa intervenção necessitam de um adequado manejo multidimensional visando à minimização dos efeitos deletérios ocasionados pelo cigarro. Por fim, outro artigo desse número(7) avaliou a associação entre fatores emocionais e o hábito de fumar em participantes de um programa de cessação do tabagismo. Foram avaliados 173 pacientes e os principais achados do estudo apontam uma correlação entre sintomas de ansiedade e depressão e um maior grau de dependência da nicotina, reforçando o entendimento de que o hábito de fumar apresenta estreita relação com fatores emocionais. Os achados dos estudos mencionados acima trazem, para a comunidade científica e para a sociedade em geral, que existem inúmeros desafios a serem percorridos no âmbito do gerenciamento das estratégias de promoção e prevenção de saúde em indivíduos tabagistas. Essas estratégias deveriam ser amplamente discutidas pela academia, pelos profissionais e pelos gestores públicos/privados de saúde, a fim de serem implementadas em todos os níveis de atenção do sistema de saúde, visando uma adequada taxa de sucesso da interrupção do ato tabágico e da redução dos agravos relacionados ao seu consumo. Nesse sentido, a Revista Brasileira em Promoção da Saúde acompanha, divulga e discute a efetivação desse cuidado estratégico em suas publicações.

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Biografia do Autor

Guilherme Pinheiro Ferreira da Silva, Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE

Graduado em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (2009), Pós-Graduado em Fisioterapia Respiratória e Cardiovascular pela Universidade de Fortaleza (2011), Título de Especialista profissional em Fisioterapia Respiratória pela ASSOBRAFIR/COFFITO (2014) e Mestre em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará (2013). Atualmente é Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade Federal do Ceará, Professor e Gestor da Câmara Interna de Pesquisa do Curso de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Conselheiro Suplente do Conselho Regional de Fisioterapia da 6ª Região (CREFITO-6). É professor convidado dos cursos de especialização em Fisioterapia Respiratória e Cardiovascular da Universidade de Fortaleza e Terapia Intensiva da Escola de Saúde Pública do estado do Ceará. É professor colaborador da Residência Multiprofissional na Atenção ao Paciente Crítico Cardiopulmonar do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.

Publicado

2018-02-28

Como Citar

Silva, G. P. F. da. (2018). Tabagismo e promoção da saúde: desafios para o desenvolvimento de estratégias efetivas. Revista Brasileira Em Promoção Da Saúde, 31(1). https://doi.org/10.5020/18061230.2018.7565

Edição

Seção

Editorial