A psicanálise face ao hedonismo contemporâneo

Autores

  • Isabel Fortes Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

hedonismo, sofrimento psíquico, contemporaneidade, desamparo, psicanálise.

Resumo

O artigo pretende fazer uma análise do lugar que a contemporaneidade oferece ao sofrimento psíquico, a partir da figura do hedonismo, avaliando o lugar da psicanálise diante do panorama social da atualidade. Observa-se hoje uma mudança nas formas de subjetivar-se, principalmente no modo que o sujeito relaciona-se com a dor como algo a ser evitado. Pode-se fazer uma relação direta do hedonismo com o individualismo, na medida em que o primeiro se associa à sociedade de consumo. É nosso dever sermos felizes e a felicidade implica o consumo. Dentro dessa perspectiva, apresenta-se uma genealogia do individualismo. Do individualismo possessivo de Hobbes, no século dezesseis, ao utilitarismo de Bentham, no século dezenove, demonstra-se que há uma linhagem histórica para a compreensão do hedonismo contemporâneo. Um elemento importante a ser analisado neste quadro social é o esvaziamento da esfera do político. Observa-se hoje uma transformação na relação entre as esferas públicas e privadas, ocorrendo uma privatização da vida. Nesse contexto, a figura freudiana do desamparo ganha preeminência, apresentado como efeito da modernidade, a partir da queda dos ideais da razão universal, da crença na ciência como salvadora da humanidade e da religião como forma de proteção dos sujeitos. Outro elemento central neste quadro é o imperativo ao gozo. O lugar da psicanálise diante deste quadro é compreendido como contraposição ao evitamento da dor característico do hedonismo atual. A noção psicanalítica de masoquismo é debatida como elemento central na formação do psiquismo, apresentada como uma via teórica que indica uma diferença crucial entre a psicanálise e o hedonismo contemporâneo.

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Publicado

24.05.2016

Como Citar

Fortes, I. (2016). A psicanálise face ao hedonismo contemporâneo. Revista Subjetividades, 9(4), 1123–1144. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/4904

Edição

Seção

Artigos