Teatro e Formação Cultural: limites e possibilidades da arte da representação como testemunho do sofrimento

Autores

  • Cynthia Maria Jorge Viana UFSJ
  • Kety Valéria Simões Franciscatti UFSJ

Palavras-chave:

Teoria crítica da sociedade. Indivíduo. Grupos. Expressão. Processo de criação artístico.

Resumo

Este artigo tem como objetivo refletir sobre a formação do indivíduo por meio do entrelaçamento entre o conhecimento científico e o artístico. A articulação e contraposição entre estes conhecimentos foram fundamentadas na investigação de grupos de teatro amador em que participavam universitários. Tendo como referencial a Teoria Crítica da Sociedade, investigaram-se as dimensões do processo de criação artístico da obra teatral e a importância dos microgrupos e de vínculos afetivos que resguardassem algo do movimento formativo. Além da sistematização do marco teórico e do referencial sobre a tradição teatral sanjoanense, foram escolhidos três grupos de teatro amador da cidade para acompanhamento dos ensaios e das apresentações. Durante este processo, realizaram-se entrevistas com diretores e atores universitários a partir de um roteiro pré-elaborado. O registro das observações foi feito em diários de campo. Com o acompanhamento dos grupos, foi possível perceber que eles se diferiram quanto às técnicas de representação, conteúdo dos espetáculos, dinâmica grupal e de criação artística. Quando privilegiavam o contato afetivo, proporcionavam – de algum modo – identificação e diferenciação e se tornavam espaços privilegiados à formação. Mas, ao abdicarem de sua função psicossocial – de propiciar momentos não ameaçadores relacionados à possibilidade de experiência –, tornavam-se reprodutores de sofrimentos. Resguardada a tensão forma e conteúdo, a arte revela sofrimentos desnecessários: mutilações que afligem a humanidade. Porém, se a forma aparece como conteúdo, mesmo quando algo da expressão salta, o potencial crítico da arte se reduz. Isto parece estar refletido de alguma maneira nos grupos observados, que imersos na ideologia da sociedade industrial, acabam traindo a fidelidade que a expressão mantém com a moção pulsional e reproduzindo aquilo que a arte poderia revelar como testemunho e negação da realidade.

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Publicado

24.05.2016

Como Citar

Viana, C. M. J., & Franciscatti, K. V. S. (2016). Teatro e Formação Cultural: limites e possibilidades da arte da representação como testemunho do sofrimento. Revista Subjetividades, 10(4), 1365–1395. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/4973

Edição

Seção

Artigos