A Mídia e o Processo de Pulverização da Figura do Sujeito Cerebral

Autores

  • Gustavo Zambenedetti Universidade Estadual do Centro-Oeste

Palavras-chave:

Sujeito cerebral, eu neuroquímico, subjetividade, mídia, psicologia social.

Resumo

A expressão “sujeito cerebral” diz respeito a uma forma de relação consigo mesmo que expressa os modos contemporâneos de subjetivação, os quais têm tomado o cérebro como referência para o sentimento de identidade, definindo o que se é e o que/como se deve ser. O objetivo deste estudo é colocar em análise o modo como a figura do sujeito cerebral é veiculada na mídia, tomando como analisadores reportagens apresentadas em dois telejornais brasileiros. Entendese que as reportagens possibilitam a compreensão do modo como a linguagem científico-acadêmica é agregada ao cotidiano, propiciando uma pulverização e naturalização da figura do sujeito cerebral. A partir da perspectiva da ontologia do presente, delineada por Michel Foucault, propõe-se deslocar aquilo que as reportagens veiculam da posição de evidência para a posição de problematização. Ao analisar reportagens que veiculam o que acontece no cérebro como explicação para comportamentos e transtornos mentais, discute-se a ambiguidade do significado da palavra “explicação”, assim como a diferença entre o cérebro ser entendido como causa de determinado fenômeno ou condição de possibilidade para que ele aconteça. A partir de três reportagens que veiculam informações sobre diferenças ou similaridades entre os cérebros, respectivamente, de homossexuais e heterossexuais, pedófilos e não pedófilos, psicopatas e não psicopatas, discute-se as diferenças entre a delimitação de fatos e a atribuição de valores a tais fatos, assim como possíveis efeitos da confusão entre os dois processos. Apresenta-se, ainda, uma série de reportagens nas quais o cérebro aparece como matriz explicativa para fenômenos bastante diversos, apontando-se o movimento de generalização e pulverização da figura do sujeito cerebral. Afirma-se um posicionamento político que não desconsidera o avanço das neurociências e a importância do cérebro como um dos modelos explicativos para determinados fenômenos, mas que contesta a fetichização e autonomização do mesmo, chamando atenção para os riscos de tais processos.

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Publicado

25.05.2016

Como Citar

Zambenedetti, G. (2016). A Mídia e o Processo de Pulverização da Figura do Sujeito Cerebral. Revista Subjetividades, 12(1-2), 73–99. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/5038

Edição

Seção

Artigos