A Pulsão Anarquista e a Resistência diante da Morte e da Massificação

Autores

  • José Henrique Parra Palumbo Universidade de São Paulo
  • Paulo Emílio Pessoa Lustosa Cabral Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.16.3.84-96

Palavras-chave:

psicanálise, pulsão de morte, anarquismo

Resumo

Este artigo propõe uma reflexão em torno do conceito de pulsão anarquista cunhado por Nathalie Zaltzman em texto homônimo durante 1979; conceito que articula certa manifestação específica da pulsão de morte: servir à vida como último recurso para a sobrevivência. Seu objetivo principal é tratar desse último recurso que emerge quando o indivíduo está diante de experiências de precariedade aguda. Assim, o estudo de um caso é o pano de fundo da reflexão de Zaltzman em torno dessas situações chamadas de experiências limite, nas quais as garantias de sobrevivência e de unidade são arruinadas, isto é, quando os excessos de privação ou de um amor totalitário e paralisante ameaçam a sobrevivência do indivíduo. Por conta disso, o ímpeto libertário do anarquismo torna-se a figura para essa pulsão de morte, já que, nessas situações, é dele que se alimenta o sujeito para sobreviver. Com essa construção teórica é possível verificar a necessidade de reconhecer o papel da pulsão de morte sem a moralização de suas exigências.

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Publicado

22.08.2017

Como Citar

Palumbo, J. H. P., & Cabral, P. E. P. L. (2017). A Pulsão Anarquista e a Resistência diante da Morte e da Massificação. Revista Subjetividades, 16(3), 84–96. https://doi.org/10.5020/23590777.16.3.84-96

Edição

Seção

Estudos Teóricos