Ressignificação cultural e resistência na produção de fitoterápicos em comunidade quilombola

Autores

  • Fernando Thiago
  • Elias Renato da Silva Januário
  • Edson Keyso de Miranda Kubo

DOI:

https://doi.org/10.5020/23180714.2014.29.2.339-358

Palavras-chave:

Comunidade Quilombola. Comunidade tradicional. Plantas Medicinais.

Resumo

O cerrado é o segundo maior bioma do mundo e contém elevada taxa de endemia, estando presentes diversas plantas para fins medicinais. A literatura da etnociência e da etnobotânica registra que a presença de comunidades tradicionais contribuem na preservação dos ambientes em que estão inseridos, valendo-se desta para valorização e manutenção destas comunidades (DIEGUES, 2000, GUARIM NETO et al., 2008, OLIVEIRA et al., 2009). Diante disso este estudo objetiva discutir os conhecimentos tradicionais sobre o uso de plantas medicinais pela Comunidade Quilombola do Cedro localizada em Mineiros, GO, Brasil. A metodologia empregada foi análise etnográfica donde se coletou informações junto aos membros da comunidade por meio de observação participante, conversas informais e entrevistas aplicadas a membros da comunidade. Os resultados da pesquisa mostram que o preparo dos remédios fitoterápicos se dá de duas formas e locais distintos: (1) no laboratório de plantas medicinais da comunidade, seguindo uma linha de produção e com procedimentos exigidos pelo controle sanitário, e (2) nas residências, baseado no conhecimento tradicional onde o recurso vegetal além de ser utilizado como remédio, impulsiona a socialização e o compartilhamento de saberes entre a comunidade. Considerando a utilização de plantas medicinais como parte da cultura da comunidade, observa-se um processo ressignificação cultural com a mudança na forma de preparo dos remédios, antes realizadas apenas nas residências e recentemente também no laboratório. Esse processo modifica as formas tradicionais de preparo, contudo, as duas formas coexistem, sendo que a tradicional resiste no seio familiar. Em relação às espécies utilizadas, a maior quantidade de plantas indicadas refere-se a tratamentos de sintomas e afecções no aparelho respiratório. A utilização da flora medicinal e o relacionamento da comunidade quilombola do Cedro com o meio ambiente, fez com que muitas espécies tidas como importantes fossem preservadas, fornecendo contribuições relevantes para a conservação destas espécies e do patrimônio material e imaterial envolvido.

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Biografia do Autor

Fernando Thiago

Doutorando em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul e técnico da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Universitário de Alto AraguaiaMT, CEP 78780-000

Elias Renato da Silva Januário

Pós-doutor em Antropologia e Etnobotânica, Presidente do Instituto Merireu e Professor Adjunto Aposentado da Universidade do Estado de Mato Grosso, Cuiabá-MT.

Edson Keyso de Miranda Kubo

Doutor em Administração pela FGV-SP e Professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Programa de Pós-graduação em Administração, São Caetano do Sul-SP.

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Publicado

2014-07-30

Como Citar

Thiago, F., da Silva Januário, E. R., & de Miranda Kubo, E. K. (2014). Ressignificação cultural e resistência na produção de fitoterápicos em comunidade quilombola. Revista De Humanidades (Descontinuada), 29(2), 339–358. https://doi.org/10.5020/23180714.2014.29.2.339-358

Edição

Seção

Artigos