A poética dos neurônios em Freud

Autores

  • Eduardo Rodrigues Peyon
  • Ana Maria Rudge

Resumo

No seu artigo Freud e a Cena da Escritura (1967), Derrida valoriza a Bahnung (Facilitação) freudiana como um conceito que indica uma possibilidade de ruptura com a metafísica clássica. Segundo Derrida (1967), Freud, ao afirmar que a memória e, conseqüentemente, o psiquismo é fruto das diferenças entre essas facilitações (Bahnungs) nos neurônios PSI, não estabelece uma origem pura e plena para o psíquico. Derrida afirma, ainda, que Freud buscou, em seu Projeto, dar conta do psiquismo através de um apelo ao princípio da diferença. Assim, a origem seria a différance que não é um conceito, nem uma essência, tampouco é a tradução de algum significado transcendental. Desta forma, não há uma origem definitiva do psiquismo que possa ser plenamente determinada, mas sim uma origem que já é transcrição dessas diferenças entre as facilitações e cujo significado está sempre sendo reconstituído no a posteriori (Nachträglichkeit). Por fim, é com a metáfora do Bloco Mágico (Wunderblock) que o modelo freudiano se conforma mais propriamente a uma escritura. No presente artigo, buscamos articular essa leitura derridiana de Freud com a poesia; esta aqui é entendida como criação diante da ignorância ou estranheza que a différance, a cada vez, faz emergir. A poesia seria, portanto, uma possibilidade de desdobramento da différance, seguindo as vias abertas pelas primeiras facilitações nos neurônios. A criação segue reenviando à própria origem, impedindo, assim, que se estabeleça uma oposição absoluta entre a origem e o originado e também um pleno presente em qualquer tempo, passado, presente ou futuro. Palavras-chave: facilitação (Bahnung), a posteriori (Nachträglichkeit), diferimento (Différance), poesia, bloco mágico.

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Biografia do Autor

Eduardo Rodrigues Peyon

Mestrando em Psicologia Clínica da PUC-Rio. Bolsista do CNPq. Especialização em Psicologia Clínica na PUCRio. Poeta.

Ana Maria Rudge

Membro Psicanalista da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle. Professora Associada do Departamento de Psicologia da PUC-Rio. Pesquisadora do CNPq. Pesquisadora da Rede Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental.

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Publicado

28.10.2007

Como Citar

Rodrigues Peyon, E., & Maria Rudge, A. (2007). A poética dos neurônios em Freud. Revista Subjetividades, 7(2), 501–526. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/1596

Edição

Seção

Artigos