Turismo e consumo das cidades: apontamentos sobre o biopoder

Autores

  • Alex Reinecke de Alverga
  • Magda Dimenstein

Resumo

Partindo do entendimento de que o biopoder tornou-se uma das principais vias que o capital recorre para se propagar, Michel Foucault lançará esta discussão pensando o biopoder como uma tecnologia de dupla face que por um lado age a partir da disciplina de regulação dos corpos, através principalmente das instituições de confinamento para gerar um indivíduo dócil e últil (anatomo-política) e concomitantemente incide sobre a coletividade humana, gerindo a vida da população, ordenando as cidades, através do controle das taxas de natalidade, mortalidade, morbidade, longevidade, portanto, incidindo de maneira massificante sobre o corpo-espécie (biopolítica das populações). Inspirados na analítica foucaultiana a respeito do biopoder lançamos o seguinte questionamento que irá conduzir o objetivo do presente artigo: como esta tecnologia de dupla face interfere na prática contemporânea do turismo, ou mais precisamente, como o turismo se transforma em um agenciamento do biopoder? Para responder esta indagação propomos inicialmente problematizar como a atividade turística tem se transformado em um importante vetor de (re)invenção das cidades. A cidade do Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, será o foco de nossa reflexão, pois apesar de se tratar de um caso situado, apresenta contornos de uma problemática nacional, quiçá mundial. Em seguida, discutiremos as modificações no tratamento teórico conferido ao tema do consumo na sociedade capitalista, ressaltando a compreensão de uma forma específica de consumo, a do turismo de massa, além do processo de produção de subjetividade envolvido. Discutiremos ainda os investimentos do biopoder a partir da disciplinarização do olhar que anima a experiência turística e o ordenamento que transforma a cidade enquanto localidade destinada para tal experiência. Por fim, lançaremos mão de questões relativas aos embates acionados frente a turistificação da cidade do Natal, ressaltando algumas capturas e resistências deste processo em curso. Palavras-chave: biopoder, consumo, cidades, turismo, disciplina.

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Biografia do Autor

Alex Reinecke de Alverga

Psicólogo. Mestre e doutorando em Psicologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Bolsista de doutorado pelo CNPq.

Magda Dimenstein

Psicóloga. Doutora em Saúde Mental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

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Como Citar

Reinecke de Alverga, A., & Dimenstein, M. (2010). Turismo e consumo das cidades: apontamentos sobre o biopoder. Revista Subjetividades, 9(1), 277–311. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/1623

Edição

Seção

Artigos