A Ética da Psicanálise e a Repetição do Encontro Faltoso do Real
DOI:
https://doi.org/10.5020/23590777.14.2.203-216Palavras-chave:
psicanálise, ética, repetição, felicidade, desejo.Resumo
Este artigo aborda, segundo a psicanálise, o problema da repetição e suas implicações éticas diante da demanda de felicidade dos que chegam a um analista. Parte-se da premissa psicanalítica de que o mal-estar é intrínseco ao ser humano, na medida em que, em vez do programa anônimo dos instintos, o homem é um ser de linguagem, atravessado pelo mal-entendido da fala, por desejos singulares e dissimétricos, e satisfações parciais. Neste contexto, a repetição é abordada desde suas origens freudianas no âmbito do além do princípio do prazer, passando pelas contribuições de Lacan, principalmente pelo seu uso das noções da Física aristotélica: tykhe e automaton. Ademais, a demanda de felicidade é confrontada com o destino de repetir, como por acaso, o encontro faltoso do real da pulsão, que tem uma bela ilustração literária no poema Acaso de Álvaro de Campos. Dessa forma, considera-se que, não estando a serviço do encontro feliz do prazer nos bens, como em terapêuticas que oferecem receituários normativos de adaptação, a ética psicanalítica concerne à ex-sistência do sujeito fixado a uma posição sintomática de gozo, cujo tratamento se concentra nas vias do bem-dizer o sintoma, o que resulta na conquista de uma posição subjetiva que mobiliza e inclui o desejo inconsciente sem o custo de tanto sofrimento.Downloads
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