O brinquedo terapêutico: notas para uma re-interpretação

Autores

  • Carlos Alberto Medrano Instituto Catarinense de Pós-Graduação
  • Maria Itayra Coelho de Souza Padilha Universidade Federal de Santa Catarina
  • Helena Heidtmann Vaghetti Universidade Federal do Rio Grande

Palavras-chave:

brinquedo terapêutico, hospital, criança, enfermagem, psicologia.

Resumo

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, histórico, realizado a partir de análise documental, e fundado na analítica interpretativa de Michael Foucault. Pretende-se refletir sobre o conceito “brinquedo terapêutico” presente na produção científica do campo/território da Enfermagem brasileira no período de 1980 a 2005, e as medidas administrativas, jurídicas e de práticas ligadas a este dispositivo. O referencial teórico está ancorado, igualmente, em Michael Foucault, a partir das noções de biopoder, disciplinarização e dispositivo, e possibilitou a compreensão dos efeitos sobre os saberes e práticas ligadas ao brincar que se passa no território hospitalar. As categorias que emergiram do corpus constituído foram brincar/jogar e técnica ou uma associação desses. Concluiuse que o brinquedo terapêutico é muito mais do que uma técnica, constituindo-se em um dispositivo que concentra um conjunto de práticas discursivas e não discursivas, de regulamentações jurídicas, de conhecimentos e saberes que constituem uma verdadeira política do corpo e da subjetividade nas enfermarias pediátricas dos hospitais. Percebeu-se, também, que a partir da construção dos saberes ligados à psicologia, o brincar foi sendo aprisionado primeiro pelo saber acadêmico, para depois ser construído ao seu redor uma série de medidas administrativas e legislativas para disciplinarizar e medicalizar, quase como condição de entrada, senão de permanência no hospital. Observou-se que ainda hoje a preocupação principal é a de continuar justificando o valor de uma prática, de uma técnica, derivada da origem dos subsídios teóricos adquiridos pelos profissionais para organizar, gerenciar, conduzir atividades ligadas ao brincar da criança hospitalizada. Finalmente, verificou-se que a banalização do brincar, o “fetichismo” que faz do objeto brinquedo o valor a ser exaltado e não ser o valor, o fazer e o criar, onde encontrar através da ludicidade (ilusão) a verdade do sujeito não faz mais que reafirmar o instituído em detrimento do novo, do diferente, do misterioso.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

24.05.2016

Como Citar

Medrano, C. A., Padilha, M. I. C. de S., & Vaghetti, H. H. (2016). O brinquedo terapêutico: notas para uma re-interpretação. Revista Subjetividades, 8(3), 705–728. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/4883

Edição

Seção

Artigos