Institucionalização da Graduação em Psicologia

Autores

  • Maria de Fatima Pereira Alberto Universidade Federal da Paraíba
  • José Rangel de Paiva Neto Universidade Federal da Paraíba
  • Sérgio Rodrigues de Santana Universidade Federal da Paraíba
  • Pablo de Sousa Seixas Universidade Federal do Rio Grande do Norte

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i1.6975

Palavras-chave:

história da psicologia, institucionalização da psicologia, criação do curso.

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar a história da institucionalização da Psicologia na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), considerando o contexto em que estava situado. Para tanto, foi necessário compreender o processo de criação do curso, ou seja, seu contexto histórico-cultural, a demanda, os sujeitos sociais e os formatos teóricos e metodológicos que assume. Fez-se uso de documentos do acervo da instituição e de 13 entrevistas com professores do Departamento de Psicologia ativos e aposentados que participaram do processo de institucionalização ou dos anos iniciais do curso de graduação. Os dados revelam três influências na institucionalização: a demanda inicial e o contexto histórico, o corpo docente e suas características, e o formato teórico-metodológico. A demanda inicial e o contexto histórico destacam o processo de “modernização” da cidade de João Pessoa, a necessidade acadêmica de caráter produtivista da Psicologia enquanto ciência e um espaço mercadológico. O contexto de implantação do curso de Psicologia da UFPB se dá entre o segundo e o terceiro período da ditadura civil-militar no Brasil, momento da expansão universitária da UFPB, que permitiu aprovação do curso e contratação de diversos professores vindos de dentro e de fora do estado que, alinhados à Psicologia nacional e internacional, reproduzem o modelo hegemônico, de cunho elitista, que não fazia frente ao momento vivenciado, de restrição de direitos. Tais aspectos, segundo os atores sociais da época, têm rebatimento direto na orientação teórico-metodológica dos primeiros professores, divididos entre dois grupos: um mais alinhado a um modelo hegemônico, positivista e privativo; e outro, a um modelo mais coletivo e comunitário, com características contra-hegemônicas. O modelo de curso e formação da Psicologia na UFPB acaba centralizando a produção de conhecimento e estabelecendo o modelo formativo a ser adotado na região.

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Biografia do Autor

Maria de Fatima Pereira Alberto, Universidade Federal da Paraíba

Professora Associada IV, Doutora, vinculada ao Departamento de Psicologia e ao Programa de Pós Graduação em Psicologia Social da UFPB, Bolsista de Produtividade 2 do CNPq

José Rangel de Paiva Neto, Universidade Federal da Paraíba

Psicólogo pela Universidade Federal da Paraíba

Sérgio Rodrigues de Santana, Universidade Federal da Paraíba

Psicólogo pela Universidade Federal de da Paraíba. Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de da Paraíba. Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Departamento de Psicologia, Programa de Pós Graduação em Psicologia Social, João Pessoa.

Pablo de Sousa Seixas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Psicólogo, Doutor, Professor do curso de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, FACISA.

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Publicado

30.04.2018

Como Citar

Alberto, M. de F. P., Neto, J. R. de P., Santana, S. R. de, & Seixas, P. de S. (2018). Institucionalização da Graduação em Psicologia. Revista Subjetividades, 18(1), 106–118. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i1.6975

Edição

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