Autismo e a Hipótese de uma Estrutura Não Decidida

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i3.e10196

Palavras-chave:

autismo, psicose, psicanálise, infância.

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar um fragmento de caso clínico e discuti-lo a partir das teses de Jacques Lacan sobre o autismo e da hipótese de uma psicose não decidida na infância. Para esse autor, o indivíduo autista é aquele que, apesar de estar na linguagem, não está no discurso. A relação com o Outro primordial se dá de tal forma, pode-se dizer sem os limites impostos pelo nome-do-pai, que ocorre a holófrase do primeiro par significante. O sujeito fica, assim, congelado, submetido ao significante. A forclusão do nome-do-pai aponta, para Lacan, para uma estrutura psicótica, da qual o autismo seria um representante. Mas, diante de uma fenomenologia característica do autismo, em que momento é possível concluir que de fato houve forclusão do nome-do-pai? Segundo nossa hipótese, o fragmento clínico aqui apresentado diz respeito a uma criança que, apesar de ter recebido diagnóstico médico de TEA (transtorno do espectro autista), ainda teria possibilidade de inscrição da metáfora paterna e, portanto, de realizar outro destino estrutural.

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Biografia do Autor

Letícia Binevicius, Universidade Federal de São Paulo

Mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo, Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de São Paulo.

Lara Cristina d'Avila Lourenço, Universidade Federal de São Paulo

Professora Associada no curso de Psicologia da Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista, atuando na área de Psicanálise.

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Publicado

23.12.2020

Como Citar

Binevicius, L., & Lourenço, L. C. d’Avila. (2020). Autismo e a Hipótese de uma Estrutura Não Decidida. Revista Subjetividades, 20(3), Publicado online: 23/12/2020. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i3.e10196

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa