Observação Psicanalítica da Relação Mãe-Bebê no Cárcere

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i1.e8856

Palavras-chave:

observação de bebês, prisão, relação mãe-bebê, método Bick.

Resumo

Este artigo é o resultado de uma pesquisa de mestrado realizada com o método psicanalítico de observação da relação mãe-bebê criado por Esther Bick, e o contexto utilizado foi uma prisão feminina na região metropolitana de Belém do Pará. Os participantes foram três díades, cujos bebês eram nascidos no cárcere. O referido método recomenda que o tempo total de observação seja de dois anos, contudo houve uma adaptação quanto ao tempo devido se tratar de uma pesquisa de mestrado com prazo de dois anos. Desse modo, as observações foram realizadas durante cinco meses, com uma sessão semanal. As transcrições foram escritas logo após as observações, e foram supervisionadas na sequência. A teoria psicanalítica embasou o referencial teórico, mais especificamente autores clássicos do desenvolvimento humano, como Winnicott, Mahler, Klein e Spitz. Os resultados foram agrupados em três temas: a mãe e o seu bebê; o colo e o carrinho do bebê; e o tempo de brincar. As mães eram jovens, baixa escolaridade; multíparas, estavam detidas pela primeira vez, e dedicavam cuidado exclusivo ao recém-nascido. Quanto à questão jurídica, as três respondiam criminalmente pelo envolvimento com o tráfico de drogas. O estudo comprovou que o método Bick pode ser empregado em ambiente prisional com o propósito de compreender o desenvolvimento emocional do bebê.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Antonia Claudia Soares Leão dos Santos, Universidade Federal do Pará

Psicóloga, Mestrado em Psicologia. Doutoranda em Psicologia pela Univerisdade Federal do Pará.

Luan Sampaio Silva, Universidade Federal do Pará

Psicólogo/Psicanalista. Mestrado em Psicologia. Doutorando em Psicologia pela Universidade Federal do Pará.

Janari da Silva Pedroso, Universidade Federal do Pará - UFPA

Psicólogo. Mestrado (UFPA/NAEA). Doutor em Ciências: Desenvolvimento Socioambiental (Universidade Federal do Pará-UFPA/NAEA). Pós-Doutorado em Psicologia (Universidade Católica de Brasília). Professor Associado IV da Faculdade de Psicologia e dos Programas de Pós-Graduação em Psicologia e, Teoria e Pesquisa do Comportamento. Coordena o Laboratório de Desenvolvimento e Saúde – LADS/UFPA. Bolsista Produtividade CNPq, nível 2.

Referências

Bick, E. (1964). Notes on infant observation in psychoanalytic training. International Journal of Psychoanalysis, 45, 558-566.

Bick, E. (1968/2011). The experience of skin in early object relations. In M. Harris & E. Bick (Eds.), Collected papers of Martha Harris and Esther Bick (pp. 114-118). Great Britain: The Roland Harris Education Trust.

Caron, N. A., Lopes, R. S., & Donelli, T. S. (2013). A place where verbalisation has on meaning. Infant Observation: International Journal of Infant Observation and Its Applications, 16(2), 170-182. doi: 10.1080/13698036.2013.808511

Brasil. (2001). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 [Coleção Saraiva de Legislação] (21a ed.). São Paulo: Saraiva.

Freud, S. (1996). Projeto para uma psicologia científica. In Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud (pp. 385-529). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1950 [1895])

Freud, S. (1996). A dinâmica da transferência. In Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud (pp. 107-119). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1912)

Goffman, E. (1961). ASYLUMS - Essays on the social muouon 01 mental patients and other ínmates. New York: Anchor Books.

Klein, M. (1946/1963). Envy and gratitute other works. New York: The Free Press.

Kompinsky, E. (2000). Observação de bebês: método e sentimentos do observador. In N. A. Caron (Org), A relação pais-bebê: Da observação à clínica (pp. 9-43). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, e de outras providências. Recuperado de https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1990/lei-8069-13-julho-1990-372211-publicacaooriginal-1-pl.html

Lei Nº. 11.942, 28 de maio de 2009. Dá nova redação aos arts. 14, 83 e 89 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução Penal, para assegurar às mães presas e aos recém-nascidos condições mínimas de assistência. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11942.htm

Lemos, E. de J. S., Silva, C. V., & Pedroso, J. da S. (2019). Observing the emotional development of a baby at home and in a nursery using Ester Bick’s infant observation method. Early Child Development and Care, 189, 1-10. doi: 10.1080/03004430.2019.1625895

Lima, G. B. D., Pereira, A. F. Neto, Amarante, P. D. C., Dias, M. D., & Ferreira, M. O. Filha. (2013). Mulheres no cárcere: Significados e práticas cotidianas de enfrentamento com ênfase na resiliência. Saúde debate, 37(98), 446-456. doi: 10.1590/s0103-11042013000300008

Lopes, T. (2015). Unidade Mterno-Infantil da Susipe garante as internas o direito de ser mãe. Recuperado de https://agenciapara.com.br/noticia/11069/

Mahler, M. S. (1975). The psychological birth of the human infant: Symbiosis and individuation. New York: Basic Books.

Nogueira, L. C. (2004). A pesquisa em psicanálise. Psicologia USP, 15(1/2), 83-106. doi: 10.1590/s0103-65642004000100013

Oliveira-Menegotto, L. M., Menezes, C. C., Caron, N. A., & Lopes, R. C. S. (2006). O método Bick de observação de bebês como método de pesquisa. Psicologia Clínica, 18(2), 77-96. doi:10.1590/s0103-56652006000200007

Pará. Superintendência do Sistema Penitenciário. (2017). Susipe em números: agosto de 2017. Recuperado de http://www.susipe.pa.gov.br/content/seap-em-n%C3%BAmeros-0

Perez-Sanchez, M. (1983). Observação de bebês. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Piontelli, A. (1995). De feto a criança. Um estudo observacional e psicanalítico. Rio de Janeiro: Imago.

Ronay, K. (2011). The visit: Observing children’s experience of visiting a relative in Prison. Infant Observation: International Journal of Infant Observation and Its Applications, 14(2), 191-202. doi: 10.1080/13698036.2011.583435

Rosa, J. C. (1995). Reflexões sobre o método da observação da relação mãe-bebê. Revista Brasileira de Psicanálise, 29(2), 299-305.

Scorsolini-Comin, F., Nedel, A. Z., & Santos, M. A. (2014). De perto, de longe, de fora e de dentro: a formação do observador a partir de uma experiência com o método Bick. Psicologia Clínica, 23(2), 151-170. doi:10.1590/s0103-56652011000200010

Sousa, M. S. I. (1995) Supervisão da observação da relação mãe-bebê. Revista Brasileira de Psicanálise, 29(2), 293-298.

Spitz, R. (1965). The first year of life: A psychoanalytic study of normal and deviant development of object relations. New York: International Universities Press.

Winnicott, D. W. (1964). The child, the family, and the outside world. Harmondsworth: Penguin Books.

Winnicott, D. W. (1965). The maturational processes and the facilitanting environment: studies in the theory of emotional development. London: The Hogarth Press and the Institute of Psycho-Analysis.

Winnicott, D. W. (1987). Babies and their mothers. Reading: Addison-Wesley.

Winnicott, D. W. (1986). Holding and interpretation. Fragment of an analysis. London: Hogarth.

Downloads

Publicado

16.04.2020

Como Citar

Santos, A. C. S. L. dos, Silva, L. S., & Pedroso, J. da S. (2020). Observação Psicanalítica da Relação Mãe-Bebê no Cárcere. Revista Subjetividades, 20(1), Publicado online: 16/04/2020. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i1.e8856

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)