A Medicalização no Referencial Psicanalítico: Uma Revisão Sistemática de Literatura

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i2.e9572

Palavras-chave:

psicanálise, medicalização, revisão sistemática de literatura.

Resumo

A psicanálise se propõe a analisar o contexto social medicalizante e a encontrar respostas para essa realidade. Nesse viés, perante o método de revisão sistemática de literatura, buscou-se compreender, por meio do presente trabalho, a perspectiva da psicanálise diante da problemática da medicalização dos sujeitos. Observa-se, a partir desta revisão, que há diferença de paradigma entre a via pela qual a psicanálise se guia e a de uma sociedade recheada de sujeitos medicalizados, sendo esta última a via da biologização e da sedação dos sujeitos, havendo um esvanecimento deles. Por meio da metassíntese qualitativa dos artigos selecionados, foi possível estabelecer cinco categorias de análise interpretativa, a saber: “sofrimento psíquico: o mal-estar do ser humano”, “a medicalização da vida: a perspectiva social e a biopolítica”, “particularidades de um sujeito medicalizado/toxicômano”, “psicanálise aliada à medicação” e “paradigma da ciência médica versus paradigma da psicanálise”. Por intermédio deste artigo, puderam-se compreender as aproximações e os distanciamentos no que diz respeito à medicalização dos sujeitos contemporâneos, evidenciando as peculiaridades da visão psicanalítica sobre o tema.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Isadora Nicastro Salvador, Universidade Estadual de Londrina.

Mestra em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), com área de concentração em Avaliação Psicológica e Processos Clínicos. Especialista em Teoria da Psicanálise – Curso Fundamental de Freud a Lacan. Graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Psicóloga clínica, atuando com base na Psicanálise Lacaniana em Londrina.

Silvia Nogueira Cordeiro, Universidade Estadual de Londrina

Docente Adjunta do Departamento de Psicologia e Psicanálise da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina - PR, Brasil.

Referências

Aguiar, A. (2014). O corpo e o risco: A atualidade de “o lugar da psicanálise na medicina”. Opção Lacaniana online nova série, 5(13), 1-13.

Albuquerque, K. M. D., & Pinheiro, C. V. D. Q. (2017). A saúde mental para todos que bordeje o mal estar de cada um: A resistência da psicanálise as estratégias biopolíticas em psiquiatria ampliada. PSI UNISC, 2(1), 122-141.

Alencar, E. S. D., & Almouloud, S. A. (2017). A metodologia de pesquisa: Metassíntese qualitativa. Reflexão e Ação, 25(3), 204-220.

Azevedo, L. J. C. D. (2018). Considerações sobre a medicalização: Uma perspectiva cultural contemporânea. CES Psicología, 11(2), 1-12.

Baltazar, M. L. (2005). Psicofármacos e psicanálise. Pulsional-Revista de Psicanálise, 18(183), 5-20.

Bauman, Z. (1998). O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Birman, J. (1999). A psicopatologia na pós-modernidade. As alquimias no mal-estar da atualidade. Revista Latinoamericana de psicopatologia fundamental, 2(1), 35-49.

Birman, J. (2007). A biopolítica na genealogia da psicanálise: Da salvação à cura. História, Ciências, Saúde, 14(2), 529-548.

Birman, J. (2017). Arquivos do mal-estar e da resistência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Calazans, R., & Lustoza, R. Z. (2008). A medicalização do psíquico: Os conceitos de vida e saúde. Arquivos brasileiros de psicologia, 60(1), 124-131.

Caleri, D. C., & Neves, C. A. B. (2014). Encontros da vida nua nos jardins do capital. Uma investigação sobre o consumo de tratamentos. Estudos e Pesquisas em Psicologia, 14(1),107-128.

Camurça-Vasconcelos, A. L. F., Morais, S. M., Santos, L. F. L., Rocha, M. F. G., & Bevilaqua, C. M. L. (2005). Validação de plantas medicinais com atividade anti-helmíntica. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 7(3), 97-106.

Canabarro, R. D. C. D. S., & Alves, M. B. (2009). Uma pílula para (não) viver. Revista Mal Estar e Subjetividade, 9(3), 839-866.

Canavêz, F., & Herzog, R. (2011). Entre a psicanálise e a psiquiatria: A medicalização do trauma na contemporaneidade. Tempo psicanalitico, 43(1), 111-129.

Costa, A. B., & Zoltowski, A. P. C. (2014). Como escrever um artigo de revisão sistemática. In S. H. Koller, M. C. P. P. Couto & J. V. Hohendorff (Orgs.), Manual de produção científica (pp. 54-70). Porto Alegre: Penso.

Damasceno, B. (2016). Consumir menos & consumar mais: “Santo remédio” contra a medicalização da existência. Revista Húmus, 5(15).

Danziato, L. J. B., & Souza, L. B. D. (2018). O lugar do sujeito e do gozo nos processos de medicalização dos sintomas. Psicanálise & Barroco em Revista, 14(1), 1-31.

Freud, S. (2011). O mal-estar na civilização (P. C. D. Souza, Trad.). São Paulo: Editora Companhia das Letras. (Originalmente publicado em 1930).

Helsinger, N. M. (2015). A concepção normativa do funcionamento psíquico e os processos de subjetivação: O cérebro na era da pós-psicanálise. Revista EPOS, 6(1), 4-34.

Henriques, R. P. (2014). O discurso da medicalização e a saúde como ideal: O que há de novo nos “novos sujeitos”? In J. Birman, D. Kupermann, E. L. Cunha, & L. Fulgencio (Orgs.), A fabricação do humano: Psicanálise, subjetivação e cultura (pp. 83-94).

São Paulo, SP: Zagodoni.

Ignácio, V. T. G., & Nardi, H. C. (2007). A medicalização como estratégia biopolítica: Um estudo sobre o consumo de psicofármacos no contexto de um pequeno município do Rio Grande do Sul. Psicologia & sociedade, 19(3), 88-95.

Machado, L., & Ferreira, R. R. (2014). A indústria farmacêutica e psicanálise diante da epidemia de depressão: Respostas possíveis. Psicologia em Estudo, 19(1), 135-144.

Matheus, M. C. C. (2009). Metassíntese qualitativa: Desenvolvimento e contribuições para a prática baseada em evidências. Acta paulista de enfermagem, 22(spe2), 543-545.

Max, R., & Danziato, L. (2016). Drogas, biopolítica e subjetividade: Interfaces entre psicanálise e genealogia. Revista Subjetividades, 15(3), 417-427.

Nazar, J. (2005). A medicalização da dor: Da psicanálise e da psiquiatria. Pulsional - Revista de Psicanálise, 18(183), 72-94.

Passone, E. F. K. (2015). Produção do fracasso escolar e o furor avaliativo: O sujeito resiste? Estilos da clínica, 20(3), 400-421.

Pelegrini, M. R. F. (2003). O abuso de medicamentos psicotrópicos na contemporaneidade. Psicologia: Ciência e Profissão, 23(1), 38-41.

Peres, U. T. (2002). A psicanálise e os psicofármacos nas depressões. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 5(1), 99-110.

Perez, M., & Sirelli, N. M. (2018). A medicalização do mal-estar: A escuta psicanalítica como um modo de resistência. Psicanálise & Barroco em revista, 13(2), 117-136.

Pombo, M. F. (2017). Da recusa à demanda de diagnóstico: Novos arranjos da medicalização. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 69(3), 5-20.

Pontes, S., & Calazans, R. (2014). Considerações sobre a noção de saúde mental: Um enfoque psicopatológico e psicanalítico. Barbarói, 2(41), 23-40.

Raupp, L. (2014). Uso de drogas na contemporaneidade: Perspectivas de compreensão e práticas de intervenção. In P. Calvetti, & D. Silva (Orgs.), Psicologia, educação e saúde: Temas contemporâneos (pp. 87-100). Canoas: Editora Unilasalle.

Ribeiro, A. L., & Marcos, C. M. (2017). Considerações psicanalíticas sobre o psicofármaco. ECOS-Estudos Contemporâneos da Subjetividade, 7(1), 37-47.

Santos, K. Y. P., Dionísio, G. H., & Yasui, S. (2012). O sujeito-comprimido. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, 4(9), 103-112.

Smith, D. T. (2014). The diminished resistance to medicalization in psychiatry: Psychoanalysis meets the medical model of mental illness. Society and Mental Health, 4(2), 75-91.

Uhr, D. (2012). A medicalização e a redução biológica no discurso psiquiátrico. Polêm!ca, 11(3), 396-403.

Zorzanelli, R. T., & Crus, M. G. A. (2018). O conceito de medicalização em Michel Foucault na década de 1970. Interface-Comunicação, Saúde, Educação, 22(66), 721-731.

Downloads

Publicado

12.11.2020

Como Citar

Salvador, I. N., & Cordeiro, S. N. (2020). A Medicalização no Referencial Psicanalítico: Uma Revisão Sistemática de Literatura. Revista Subjetividades, 20(2), Publicado online: 12/11/2020. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i2.e9572

Edição

Seção

Estudos Teóricos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)