A Palavra é a Morte da Coisa: Simbólico, Gozo e Pulsão de Morte

Autores

  • Julio Cesar Lemes de Castro USP

Palavras-chave:

Simbólico, gozo, pulsão de morte, Freud, Lacan.

Resumo

A introdução da linguagem cria uma separação entre as palavras e as coisas, num movimento que em termos lacanianos pode ser definido como uma transposição de registro. Por intermédio da simbolização, algo morre no real, onde a rigor tinha apenas exsistência (termo que Lacan toma por empréstimo a Heidegger), e emerge no simbólico, onde passa a fazer parte da realidade (que em Lacan difere do real enquanto registro). Já em Freud o ato fundador da ordem simbólica está ligado à morte: o assassinato do pai da horda primordial e seu reaparecimento subsequente como totem representa paradigmaticamente a morte da coisa que dá ensejo ao significante. Mais precisamente, o simbólico está relacionado ao conceito de pulsão de morte: a passagem da natureza à cultura implica que o homem funciona num regime de excesso, distinto do funcionamento biológico normal; o simbólico constitui um tipo de prótese, de dispositivo artificial acoplado ao organismo humano, que faz do homem uma espécie de cyborg, o mortifica. A satisfação a que almeja a pulsão de morte é o gozo, um impulso desenfreado para o prazer gerando repetição, excesso, desprazer, sensações devastadoras que põem em xeque nosso equilíbrio. O simbólico surge com as inscrições do gozo no infante e, ao mesmo tempo, institui retrospectivamente o gozo e o limita. Assim, a vida humana desenha um arco simbólico entre o real indiferenciado do gozo absoluto e o real indiferenciado da morte.

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Publicado

25.05.2016

Como Citar

Castro, J. C. L. de. (2016). A Palavra é a Morte da Coisa: Simbólico, Gozo e Pulsão de Morte. Revista Subjetividades, 11(4), 1405–1428. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/5025

Edição

Seção

Artigos