Manifestações Paranoicas na Ausência de Psicose

Autores

  • Vinícius de Aquino Braga Universidade Federal do Maranhão
  • Isalena Santos Carvalho Universidade Federal do Maranhão

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i1.6188

Palavras-chave:

psicanálise, Verwerfung, eu, paranoia.

Resumo

Manifestações paranoicas podem ocorrer mesmo na ausência de psicose. A proposta deste trabalho é discutir como isso é possível. Como método de trabalho, realizamos pesquisa bibliográfica, na qual recorremos a leituras e releituras de obras de Freud e de Lacan, bem como de autores contemporâneos da Psicanálise, como Charles Melman e Marcel Czermak. Para tanto, partimos da noção de Verwerfung como mecanismo atrelado à estrutura psicótica, na medida em que o Nome-do-pai pode não ser instaurado para o falante e permanecer forcluído. Bem como tratamos também da Bejahung, a simbolização primitiva. Apresentamos a constituição do Eu como propriamente paranoica, pois possui uma base rivalitária que põe em jogo uma agressividade (nem sempre) latente, que podemos apreender nas manifestações tipicamente paranoicas que um sujeito pode apresentar, mesmo que não se possa constatar uma psicose. Trata-se de um funcionamento inerente ao próprio psiquismo e decorre do fato de que nosso eu – função imaginária – é fundado sobre uma base em que nos apreendemos primeiramente no outro. Por fim, discorremos acerca do que é a paranoia e como se manifestam fenômenos paranoicos de modo a contribuir para uma escuta na clínica para além do encerramento dos funcionamentos paranoicos somente no campo da psicose. Os mecanismos imaginários constitutivos do eu não podem ser tomados isoladamente como critério para a identificação da estrutura. Podemos encontrar situações em que manifestações paranoicas ocorrem mesmo na ausência de psicose.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vinícius de Aquino Braga, Universidade Federal do Maranhão

Psicólogo no Centro de Reabilitação e Promoção da Saúde (CER), pela EMSERH. Professor de Psicologia (UEMA - Campus Bacabal). Mestre pelo Curso de Pós-Graduação Mestrado em Psicologia (UFMA)

Isalena Santos Carvalho, Universidade Federal do Maranhão

Professora Doutora do Mestrado Acadêmico em Psicologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

Referências

Czermak, M. (2015). Atualidade e limites da paranoia. In M. Czermak & L. Sciara (orgs.), A clínica da psicose: Lacan e a psiquiatria (Vol. 2, pp. 73-84). Rio de Janeiro: Tempo Freudiano Associação Psicanalítica.

Freud, S. (2004). À guisa de introdução ao Narcisismo. In S. Freud, Obras Psicológicas de Sigmund Freud – Escritos sobre a psicologia do inconsciente (Vol. 1, pp. 95-131). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1914).

Freud, S. (2006a). Rascunho H. In J. Strachey (Ed.), Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 1, pp. 253-258). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1950).

Freud, S. (2006b). Carta 52. In J. Strachey (Ed.), Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 1, pp. 281-287). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1950).

Freud, S. (2006c). Notas psicanalíticas sobre um relato autobiográfico de um caso de paranoia (Dementia paranoides). In J. Strachey (Ed.), Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 12, pp. 15-89). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1911).

Freud, S. (2006d). História de uma neurose infantil. In J. Strachey (Ed.), Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (Vol. 17, pp. 15-129). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1918).

Lacan, J. (1998a). O estádio do espelho como função formadora do eu. In J. Lacan, Escritos (pp. 96-103). Rio de Janeiro: Zahar. (Originalmente publicado em 1949).

Lacan, J. (1998b). Resposta ao comentário de Jean Hyppolite sobre a “Verneinung” de Freud. In J. Lacan, Escritos (pp. 383-401). Rio de Janeiro: Zahar.

Lacan, J. (1998c). De uma questão preliminar a todo tratamento possível da psicose. In J. Lacan, Escritos (pp. 537-590). Rio de Janeiro: Zahar.

Lacan, J. (1999) O Seminário, livro 5: As formações do inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Lacan, J. (2009). O Seminário, livro 1:Os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Lacan, J. (2010). O Seminário, livro 3:As psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Melman, C. (2015a). Questões acerca da paranoia. In M. Czermak & L. Sciara (orgs.), A clínica da psicose: Lacan e a psiquiatria (Vol. 2, pp. 23-41). Rio de Janeiro: Tempo Freudiano Associação Psicanalítica.

Melman, C. (2015b). As Paranoias. In M. Czermak & L. Sciara (orgs.), A clínica da psicose: Lacan e a psiquiatria (Vol. 2, pp. 15-21). Rio de Janeiro: Tempo Freudiano Associação Psicanalítica.

Melman, C. (2008). Como alguém se torna paranoico: de Schreber a nossos dias. Porto Alegre: CMC.

Downloads

Publicado

30.04.2018

Como Citar

Braga, V. de A., & Carvalho, I. S. (2018). Manifestações Paranoicas na Ausência de Psicose. Revista Subjetividades, 18(1), 34–44. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v18i1.6188

Edição

Seção

Estudos Teóricos