A modernidade líquida: o sujeito e a interface com o fantasma

Autores

  • Fabio Elias Verdiani Tfouni
  • Nilce da Silva

Resumo

Este artigo apresenta as principais características da modernidade líquida que, segundo Z. Bauman (2005, 2001, 2000, 1998) são desapego, provisoriedade e acelerado processo da individualização; tempo de liberdade, ao mesmo tempo, de insegurança. Tal contexto pode ser definido pela palavra alemã Unsicherheit que significa: falta de segurança, de certeza e de garantia. Tem a cidade de São Paulo como exemplo deste tipo de sociedade. Notamos uma crise do estatuto do real nesse período, ou ainda, um abalo no conceito de real e do que seria esse real. Neste contexto, talvez possamos dizer que a realidade é o real com toque de fantasia; é o real sem o choque do real. Dito de outro modo, afirmamos e destacamos que o mal-estar atravessa a subjetividade humana, ou melhor, a relação do sujeito com seu próprio desejo, e com os objetos que podem preenchê-lo. Sendo assim, apontamos a constituição da fantasia para não nos depararmos com o real das megalópoles, de sua injunção à velocidade e à mobilidade. Esta fantasia pode fornecer ao sujeito alguma segurança em uma época tão insegura. Neste sentido a fantasia pode ser ideológica no sentido de que nos impede de ver o todo do real desta nossa época. Do nosso ponto de vista, a busca do real, nesses tempos, dar-se-ia com o questionamento da fantasia e com a tentativa de compreender qual o sentido dessa velocidade no capitalismo. O sujeito tenta preencher seu desejo, todavia, o desejo é por definição não-preenchível. Neste contexto o capital, no lugar do Outro pode tomar para si o papel daquele que preenche os desejos humanos. Concluímos que existe uma ligação entre o desejo e o assujeitamento do sujeito ao outro, e que a dificuldade encontrada na relação do sujeito com o real pode ser tratada tanto no sentido ideológico tradicional, como através do fetichismo. Palavras-chave: modernidade líquida, subjetividade, fetichismo, realidade, ideologia.

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Biografia do Autor

Fabio Elias Verdiani Tfouni

Doutor em Lingüística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista – Araraquara. Pósdoutorando no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade de Campinas. Bolsista da FAPESP.

Nilce da Silva

Cientista Social. Professora Doutora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Coordenadora do grupo de pesquisa, ensino e extensão “Estudo das populações migrantes no Brasil e no mundo: o papel da instituição escolar”. Editora do periódico eletrônico “Acolhendo a Alfabetização nos Países de Língua Portuguesa”.

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Publicado

29.06.2008

Como Citar

Verdiani Tfouni, F. E., & da Silva, N. (2008). A modernidade líquida: o sujeito e a interface com o fantasma. Revista Subjetividades, 8(1), 171–194. Recuperado de https://ojs.unifor.br/rmes/article/view/1605

Edição

Seção

Artigos