Um Olhar sobre a Patologização da Infância a partir do CAPSi

Autores

  • Michele da Rocha Cervo
  • Rosane Azevedo Neves da Silva

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.14.3.442-452

Palavras-chave:

infância, saúde mental, CAPSi, patologização, reforma psiquiátrica.

Resumo

A infância, no decorrer da história, foi ocupando lugar na produção do saber e do poder psiquiátrico, tornando-se alvo de investimentos das políticas públicas. No Brasil, a institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS), do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e da Reforma Psiquiátrica constitui-se um marco para a reorganização do cuidado em saúde mental para crianças e adolescentes. A compreensão da produção da infância passa pelos processos de desinstitucionalização das práticas de cuidado, do reconhecimento da criança como sujeito e a potência de criação de cada encontro. Este artigo problematiza a produção da infância a partir das práticas de cuidado no Centro de Atenção Psicossocial para infância e adolescência (CAPSi). Utilizamos a cartografia como estratégia metodológica, enfatizando o estudo da dimensão processual da subjetividade e de seu processo de produção. Acompanhamos as atividades em um CAPSi por quatro meses, realizando observações das ações desenvolvidas nesse serviço e grupos focais com os integrantes da equipe. Observamos que a patologização é um dos modos pelos quais a infância é produzida no CAPSi. Os processos de psiquiatrização e patologização da infância no percurso das crianças pelo CAPSi são percebidos nas diversas marcas impressas em seus processos de subjetivação. Uma dessas marcas ocorre pelo processo de atribuição de um diagnóstico às crianças. Afirmar o lugar do CAPSi como agenciador de novos encontros configura-se uma estratégia para que outras experiências sejam possíveis. O CAPSi é um lugar de encontro onde diversas instituições se cruzam, permitindo que o encontro das crianças se dê com cada uma dessas instituições que atravessam as práticas, tensionando a noção de identidade infantil como uma entidade criança, imóvel e universal. Isso permite que a criança seja um campo de forças e intensidades, inventando a sua experiência com o sofrimento e as práticas de cuidado.

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Biografia do Autor

Michele da Rocha Cervo

Psicóloga. Professora do Departamento de Psicologia da Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), Campus Irati/PR. Mestre e Doutoranda em Psicologia Social e Institucional/ Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Rosane Azevedo Neves da Silva

Professora do Instituto de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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Publicado

01.12.2014

Como Citar

Cervo, M. da R., & Silva, R. A. N. da. (2014). Um Olhar sobre a Patologização da Infância a partir do CAPSi. Revista Subjetividades, 14(3), 442–452. https://doi.org/10.5020/23590777.14.3.442-452

Edição

Seção

Artigos