Psicoterapia e o Processo de Formação de Consciência: Uma Análise Histórico-Cultural

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i2.e12328

Palavras-chave:

psicoterapia, formação da consciência, psicologia histórico-cultural, Vigotski, psicologia clínica

Resumo

O objetivo deste artigo é apresentar uma possibilidade de intervenção psicoterapêutica individual para adultos, fundamentada na Psicologia Histórico-Cultural. Dentre outras possibilidades, entendemos que a psicologia vigotskiana oferece fundamento para a elaboração de intervenções psicoterapêuticas que visam atuar sobre o processo de formação de consciência do sujeito. Alguns pressupostos guiaram a análise da temática, conforme exposto a seguir: a consciência é conceituada como reflexo psíquico da realidade; todas as funções psicológicas superiores atuam no complexo processo de captura da realidade, na transformação das informações sensórias em processos de abstração em forma de conceitos; no processo de formação da consciência, os aspectos cognitivos e afetivos compõem uma unidade dialética, que se forma do plano interpsicológico para o intrapsicológico; o processo saúde-doença é compreendido vinculado às condições históricas e culturais e o sofrimento psíquico é entendido a partir de sua gênese nos processos críticos da vida social. A partir disso, discorremos sobre algumas proposições que podem fundamentar a prática psicoterapêutica que visa atuar sobre o processo de formação de consciência. A intervenção do psicólogo se volta para a análise da história do sujeito, em seus processos individuais e sociais constitutivos, que se dão no interior da sociedade capitalista, e busca compreender o movimento de formação da consciência e do sofrimento psíquico, que se estabelece a partir da dinâmica dialética singular-particular-universal. Visa apreender como os processos críticos da vida social, historicamente constituídos, engendraram o sofrimento vivenciado. Tal intervenção possibilita que o sujeito tome consciência das relações histórias e sociais que o determinam, de como a realidade social o constitui e qual é o seu papel ativo nesse processo. A partir de Vigotski, entendemos que tomar consciência das relações que corroboram para constituir a consciência e o sofrimento do indivíduo fornece ao sujeito novas condições de enfrentamento de seu sofrimento psíquico.

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Biografia do Autor

Elis Bertozzi Aita, Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Doutora em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atua como Psicóloga Clínica pela abordagem da Psicologia Histórico-Cultural.

Marilda Gonçalves Dias Facci, Universidade Estadual de Maringá (UEM) / Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

Pós-doutorado pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Professora Voluntária do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Professora Sênior da UFMS.

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Publicado

17.06.2022

Como Citar

Aita, E. B., & Facci, M. G. D. (2022). Psicoterapia e o Processo de Formação de Consciência: Uma Análise Histórico-Cultural. Revista Subjetividades, 22(2), e12328. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v22i2.e12328

Edição

Seção

Estudos Teóricos