Guerra, Tempo e Memória: Duas Notas sobre a Mortalidade Juvenil Brasileira

Autores

  • Andréa Máris Campos Guerra Universidade Federal de Minas Gerais
  • Mariana da Costa Aranha Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v17i3.5540

Palavras-chave:

Psicanálise, Política, Antropologia, Juventude, Mortalidade

Resumo

O artigo propõe duas notas para analisar a guerra entre os jovens no microtráfico ilícito de drogas numa interface entre psicanálise e antropologia, a partir da noção entre tempo e memória. Na primeira nota, trabalhamos a hipótese de que a guerra teria a função de conectar passado e futuro, pois através da vingança haveria uma inscrição no tempo e uma marca cunhada na história, que se perpetua através da memória. A segunda nota trabalha o circuito das mortes no microtráfico incluindo o saber que o jovem lança mão para lidar com o mecanismo de exclusão a que estão submetidos. Neste sentido, trabalhamos a hipótese de que a morte desempenha uma função estrutural no sistema de vida destes jovens e comporta uma positividade, na medida em que escreve a presença destes sujeitos na cidade, ainda que pelas avessas. Ao serem nomeados pelos registros oficiais dos dispositivos de poder, os jovens ganham inscrição, ao mesmo tempo em que se apagam na escrita de um nome na história dos homens. Assim, correndo risco de vida na guerra do tráfico, os jovens parecem almejar não a morte, mas a inscrição de uma escrita marginal, que não ganha registro na língua do Outro social.

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Biografia do Autor

Andréa Máris Campos Guerra, Universidade Federal de Minas Gerais

Departamento de Psicologia com enfase em Psicanálise

Mariana da Costa Aranha, Universidade Federal de Minas Gerais

Psicologa e Mestre em Psicologia

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Publicado

15.04.2018

Como Citar

Guerra, A. M. C., & Aranha, M. da C. (2018). Guerra, Tempo e Memória: Duas Notas sobre a Mortalidade Juvenil Brasileira. Revista Subjetividades, 17(3), 23–31. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v17i3.5540

Edição

Seção

Dossiê: Adolescência em Psicanálise, saúde mental e assistência social

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