Representações Sociais de Desastres Socioambientais na Mídia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i2.e9193

Palavras-chave:

representações sociais, desastres socioambientais, mídia.

Resumo

Nas últimas décadas, a preocupação com questões ambientais ganhou visibilidade mundial, sendo o clima do planeta e suas mudanças um dos assuntos mais debatidos na atualidade. A retomada do debate mundial deve-se, sobretudo, à emergência da temática dos desastres socioambientais. Esta pesquisa teve como objetivo caracterizar as representações sociais desses desastres na mídia. Buscou-se responder a esse objetivo por meio de um estudo documental retrospectivo, com análise de 264 reportagens da revista Veja, publicadas de 1968 a 2018, cujo conteúdo evidenciava o tema. Analisou-se o corpus por meio de uma classificação hierárquica descendente. A representação social observada na revista Veja apresenta aspectos representacionais relacionados à divulgação de conhecimentos científicos, relatos pessoais focados na tragédia e na superação, e reportagens sobre temas políticos e econômicos ligados aos desastres. Identificou-se ainda que, ao longo das décadas, houve uma sensível mudança na abordagem aos desastres. Sobretudo, uma maior implicação do papel da sociedade e dos governos, dando mais ênfase à questão política e social. Ainda assim, o aspecto social poderia ser debatido com mais profundidade e frequência, para que não caísse no esquecimento até o próximo desastre. Percebe-se também, por outro lado, ampla difusão de uma cultura que considera a maioria dos desastres naturais apenas expressão de causas naturais, desconsiderando fatores sociais, políticos e culturais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Larissa Papaleo Koelzer, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Andréa Barbará da Silva Bousfield, UFSC

Professora Associada II do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Doutora em Psicologia pela UFSC. Pós-doutorado no Instituto Universitário de Lisboa (ISCET-IUL) - Lisboa/Portugal e Pós-doutorado na Università degli Studi di Padova (Unipd) - Itália.

Referências

Abric, J. C. (2003). Abordagem estrutural das representações sociais: Desenvolvimentos recentes. In P. H. S. Campos & N. C. S. Loureiro (Orgs.). Representações sociais e práticas educativas, (pp. 37-57). Goiânia: Ed. UCG.

Alexandre, M. (2001). O papel da mídia na difusão das representações sociais. Comum, 6(17), 111-125.

Basolo, V., Steinberg, L. J., Burby, R. J., Levine, J., Cruz, A. M., & Huang, C. (2009). The effects of confidence in government and information on perceived and actual preparedness for disasters. Environment and Behavior, 41(3), 338-364.

Camargo, B. V. (2003). A televisão como vetor de difusão de informações sobre a AIDS. In M. L. P. Coutinho, A. S. Lima, M. L. Fortunato, & F. B. Oliveira (Eds.), Representações sociais: Abordagem interdisciplinar (pp. 130-152). João Pessoa: Editora da Universidade Federal da Paraíba.

Camargo, B. V. (2005). Alceste: Um programa informático de análise quantitativa de dados textuais. In A. S. P. Moreira, J. C. Jesuino, & B. V. Camargo (Eds.), Perspectivas teórico-metodológicas em representações sociais (pp. 511-539). João Pessoa, PB: Editora da Universidade Federal da Paraíba.

Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). Iramuteq: Um software gratuito para análise de dados

textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518.

Castro, C. M., Peixoto, M. N. O., & Pires do Rio, G. A. (2005). Riscos Ambientais e Geografia: Conceituações, Abordagens e Escalas. Anuário do Instituto de Geociências – UFRJ, 28(2), Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 11-30.

Di Giulio, G.M., & Ferreira, L. C. (2013). Governança do risco: uma proposta para lidar com riscos ambientais no nível local. Desenvolvimento e Meio Ambiente, 28, 29-39.

Downs, A. (1972). Up and Down with Ecology-the Issue-Attention Cycle, Public Interest, 28, 38-50.

Favero, E., Trindade, M. C., Passuello, A., Pauletti, C., Foresti, A. J., Sarriera, J. C., & Silva Filho, L. C. P. (2016). Percepção de risco ambiental: uma análise a partir de anotações de campo. Revista Interamericana de Psicologia, 50(1), 64-74.

Félonneau, M. L. (2003). Les représentations sociales dans le champ de l’environnement. In G. Moser & K. Weiss (Orgs.). Espaces de vie: aspects de la relation homme-environnement (pp. 145-176). Paris: Armand Colin.

Gil, A. C. (2008). Métodos e técnicas de pesquisa social (6a ed.). São Paulo: Atlas.

Heredia, A. M. (2003). A saúde mental coletiva em caso de desastre. In A.M. B. Bahia (Org). Psicologia e Compromisso Social. (pp. 111-128). São Paulo: Cortez.

Jodelet, D. (1996). Las representaciones sociales del medio ambiente. In L. Íñigues & E. Pol (Org.). Cognición, representación y apropriación del espacio. Monografias Psicosocio-ambientales (pp. 29-44). Barcelona: Publicaciones.

Jodelet, D. (2001). Representações sociais: um domínio em expansão. In D. Jodelet (Org.). As representações sociais (pp. 17-44). Rio de Janeiro: UDUERJ.

Joffe, H., Rossetto, T., Solberg, C., & O’Connor, C. (2013). Social Representations of Earthquakes: A Study of People Living in Three Highly Seismic Areas. Earthquake Spectra, 29(2), 367-397.

Kientz, A. (1973). Comunicação de massa: análise de conteúdo. Rio de Janeiro: Eldorado.

Kuhnen, A. (2009). Meio ambiente e vulnerabilidade a percepção ambiental de risco e o comportamento humano. Geografia, 18(2), 37-52.

Moloney, G., Leviston, Z., Lynam, T., Price, J., Stone-Jovicich, S., & Blair, D. (2014). Using social representations theory to make sense of climate change: what scientists and nonscientists in Australia think. Ecology and Society, 19(3), n.p.

Moscovici, S. (1981). On social representation. In J. P. Forgas (Ed.), Social cognition (pp. 181-209). London: Academic Press.

Moscovici, S. (2003). Representações Sociais: Investigações em Psicologia Social (P. A. Guareschi, Trad.). Petrópolis: Vozes (Obra original publicada em 2000).

Moscovici, S. (2012). A psicanálise: sua imagem, seu público (S. Fuhrmann, Trad..). Porto Alegre: Vozes (Obra original publicada em 1961).

Moser, S. C. (2010). Communicating climate change: History, challenges, process and future directions. Climate Change, 1(1), 31-53.

Nascimento-Schulze, C. M. (2000). Representações sociais da natureza e do meio ambiente. Revista de Ciências Humanas, 3, 67-81.

Oliveira, R.M. & Maia, S. G. C. (2016). As Representações Sociais sobre Meio Ambiente de Alunos de uma Escola Pública no Município de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul. Cadernos de Agroecologia, 11(2), 1-8.

Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS. (2015). Desastres Naturais e Saúde no Brasil (2a ed.). Brasília: Ministério da Saúde.

Palmonari, A., & Cerrato, J. (2014). Representações sociais e psicologia social. In A. M. O. Almeida, M. F. S. Santos & Z. A. Trindade (Orgs.). Teoria das Representações Sociais: 50 anos (pp. 401-440). Brasília: Technopolitik.

Paton, D., Bajek, R., Okada, N., & McIvor, D. (2010). Predicting community earthquake preparedness: A cross-cultural comparison of Japan and New Zealand. Natural Hazards, 54, 765–781.

Polli, G. M., & Kuhnen, A. (2011). Possibilidades de uso da teoria das representações sociais para os estudos pessoa-ambiente. Estudos de Psicologia, 16, 57-64.

Polli, G. M. & Camargo, B. V. (2015). Representações Sociais do Meio Ambiente na Mídia Impressa, Paidéia, 25(61), 261-269.

Polli, G. M. & Camargo, B. V. (2016). Representações sociais do meio ambiente para pessoas de diferentes faixas etárias. Psicologia em Revista, 22(2), 392-406.

Quarantelli, E. L. (2006). Catastrophes are different from disasters: some implications for crisis planning and managing drawn from Katrina. Disponível em: . Acesso em: 28 nov. 2018.

Quarantelli, E. L. (1998). What is a disaster? Perspectives on the question. London: Routledge.

Reinert, M. (1990). ALCESTE, une méthodologie d'analyse des données textuelles et une application: Aurélia de G. de Nerval. Bulletin de méthodologie sociologique, 28, 24-54.

Rouquette, M. L. (1986). La comunicación de masas. In S. Moscovici (Org.). Psicologia Social II (pp. 627-647). Barcelona: Ecidiones Paidós.

Santos, F. M. & Marandola Jr., E. (2012). Populações em situação de risco ambiental e vulnerabilidade do lugar em São Sebastião, Litoral de São Paulo. Desenvolvimento e

Meio Ambiente, 26, 103-125.

Spink, M. J. P. (2014). Viver em áreas de risco: tensões entre gestão de desastres ambientais e os sentidos de risco no cotidiano. Ciência & Saúde Coletiva, 19(9), 3743-3754.

Tominaga, L. K, Santoro, J. & Amaral, R. (2009). Desastres naturais: conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto Geológico.

United Nations International Strategy for Disaster Reduction - UNISDR. (2016). UNISDR Annual Report. Geneva: United Nations Office for Disaster Risk Reduction.

Vala, J. & Monteiro, B. (2006). Psicologia social (7a ed.). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Valencio, N., Siena, M., Marchezini, V., & Gonçalves, J.C. (2009). Sociologia dos desastres – construção, interfaces e perspectivas no Brasil. São Carlos: RiMa Editora.

Valencio, N. (2012). Para além do “dia do desastre” – o caso brasileiro. Curitiba: Editora Appris.

Villalta, D. (2002, setembro). O surgimento da revista Veja no contexto da modernização brasileira. In Anais do XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Salvador, BA, Brasil.

Wagner, W. (2007). Conhecimento vernacular da ciência na vida cotidiana: por que razão as pessoas querem saber algo sobre a ciência?. In A. S. P. Moreira, B. V. Camargo. Contribuições para a teoria e o método de estudos das representações sociais (pp. 131-152). João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2007.

Downloads

Publicado

12.11.2020

Como Citar

Koelzer, L. P., & Bousfield, A. B. da S. (2020). Representações Sociais de Desastres Socioambientais na Mídia. Revista Subjetividades, 20(2), Publicado online: 12/11/2020. https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v20i2.e9193

Edição

Seção

Relatos de Pesquisa